domingo, 31 de outubro de 2010

Cristo

Quando era pequena e tinha que ficar na casa da minha avó paterna, era sombrio

Uma casa escura toda fechada, cheia de terços e imagens

Nunca podia entrar no quarto da minha avó

Era como se ela escondesse um tesouro

No entanto um dia entrei, subi na cama, mexi num terço gigantesco da cabeceira

Imediatamente fui colocada pra fora!

- Nunca suba em minha cama, muito menos mexa nesse terço

Era tudo tão velado

A fé era um peso naquela casa escura, de católicos roxos

Tinha um jardim tão lindo lá fora...

Mas eu não podia sair, os cachorros mordiam

Um dia lindo de sol, e eu tinha que ficar sentada no sofá assistindo alguma coisa parecida com rede vida, ou algo que o valha. Padres e cânticos gregorianos.

Nossa! Isso era pesado e amedrontador pra uma criança de sete anos

Nunca quis ir a igreja católica, não fiz primeira comunhão, nunca assisti uma missa...

Aquele cristo morrendo, aquela Maria Santa chorando. Por que eu tinha que assistir a esse filme de horror?

Todo mundo muito sério, por que esse Cristo redentor, tava ali todo ensangüentado e sucumbindo a morte.

Um filho todo especial de Deus Pai fragilizado diante dos meus olhos.

Meus olhos se desviavam...

E até hoje sinto culpa pelo sofrimento de Cristo, já que foi por minha causa

Ando a procura do Cristo que ao terceiro dia ressuscitou

Anda a procura de um Cristo que não me culpe por ser exatamente quem sou

Cristo, que vive, que reina, soberano me aceite mulher, me aceite feliz, me aceite brilhante e radiante.

Me aceite no amor e que eu nunca tenha que te achar na dor

Que esse cristo que conheci na escuridão seja o inverso do filho da Luz

E que essa luz reflita na minha vida, me fazendo portadora de boas novas

Cristo me olhe nos olhos!

Seus olhos ressurretos

Olhos que espalham vida

E que eu viva desse olhar

Nego pra sempre a escuridão daquela casa de avó católica

Eu quero o brilho do Sol de uma manhã de domingo

De todas as manhãs que me dará feliz por me ver feliz

Por ser um Deus feliz

Criador

Brilhante estrela da manhã

Nego a culpa

Nego a dor

Nego o medo

Nego a tristeza

E te recebo em minha vida

O Cristo que vive e ama

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