domingo, 30 de maio de 2010

O Tempo

O tempo passou por mim
Pesado e cruel
E eu inerte
Carreguei o fardo de existir
Paraliso a cada golpe
Outrora borboletas
Agora o vazio...

quinta-feira, 27 de maio de 2010

tenho um rasgo

Tenho um rasgo
Que dá pra ver de longe
Esse espaço entre o tempo e o sonho
Um resguardo do cansaço da queda
Um lastro enorme que se apoderou
Nas minhas pernas tremulas
Banhadas de lágrimas amargas
Minhas linhas
Assimétricas
Frágeis dedos que não seguram
Que pedem.
Mas não querem

quinta-feira, 20 de maio de 2010

mulher esquelética

Essa mulher esquelética
Cabeça de boneca remendada
Olhos no buraco
Sempre a espreita
Nunca diz nada
Parada
Em frente a minha porta
Nunca sabe se viva ou morta
Uma cicatriz profunda
Suas chagas
Quase um orgulho

domingo, 16 de maio de 2010

Fantasiada de princesa me deparei com diversos sapos
Minhas águas transbordando
Meus joelhos cedendo
E o sapo aproveitando.

Nunca imaginei que pro sapo eu era só a perereca
Muito embora ele afirmasse.
Eu achava que era engano
O medo do amor
Do amor de uma princesa
Que as vezes era bruxa
Mas que nunca poderia negar o que o sapo quisesse.

Numa noite enfeitiçada
Com um encanto que não se quebra
Um girino na minha lagoa inundada
Fez seu ninho, seu caminho.
Hoje mora em minha esfera.

Quando sapo enlouquecido
Descobriu essa semente
Esse sapo encarnado na hora virou serpente
Disse que nesse mundo não queria esse inocente.

A princesa desolada quase se abriu ao meio
Mas o girino pequenino a costurava por inteiro
O amor do girininho apagou o desamor do sapo
E agora a princesa quer achar um novo encanto
Quem sabe uma raposa
Ou ate mesmo um tucano
Pra cuidar das suas chagas
De amor mal aprumado
A princesa logo, logo achará um namorado

Mas Por enquanto sapo
Se comporte na lagoa
Por que amor mal curado
Ai, como magoa!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Eu desmaio de amor
Amor nunca é demais
Só me sinto importante se amada e desejada...
Por isso sou a maltrapilha
Pra que ninguém me ame
Pra ninguém corra o risco de me querer
Não quero uma lembrança se quer do amor que me foi tirado.
Uma gota desse sentimento poderia me arrebentar em esperança
A esperança adoece e desnutri
Já andei por aí desnutrida...
Quero me manter bem nutrida
Nutrida das minhas chagas de amor
Para que assim eu te continue viva
Mulheres têm hálito de sangue
Quadris que ardem
De espera por pulsar.
Canelas finas de pés cansados
Que deitam de lado
Para guardar o peito da surpresa
De soluços – mal curados.
E tempo e tempos de
Risos desencarnados
Mulheres têm o Céu no ventre
O inferno no sexo
Seco e inundado da peleja.
Olhar desgastado
Desbotado de dormir
Ou não.
Resguardo
Cicatriz-fardo
Negociado na hora do vício
Vício desenfreado de abrir