segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pedaços

Quando me perco em mim mesma
Me desfaço em retalhos
Pedaços de tentativas de acerto
De uma errante crua
Quando percebo a errante que sou
O alivio da imperfeição me constrange
E tento remendar esses retalhos de desacerto
Colo o braço no lugar do nariz
Sobrevivo por algum tempo
Até que o espirro sai ao contrário
Me desfaço outra vez
Me deparo com meus farrapos de errante
Farrapos de gente torta que me tornei
Uma boneca de pano de retalho de sobras de erros
Faltando um olho
Vestido rasgado
Me procuro em meus pedaços
Acho perdas e estilhaços
De uma menina que partiu de mim faz tempo
E que sinto tanta falta
Ela levou o doce da boca e me deixou a língua amarga

domingo, 13 de junho de 2010

Resgurado

Resguardo

Meu vazio faz barulho
Um barulho esganado da falta de ter cheiúra
Um barulho sem fundo
Sem sinal de habitação

Meu vazio barulhou essa noite
Esquentando meu ventre
Me fez berrar seu nome
Esse nome de homem que engana o vazio
Escondendo a dor nesses segundos
Segundos de fingimento de ser habitada

Habitação que ainda te aguarda
Guardada te aguarda
Ardendo te aguarda
Se enganado te aguarda

Eu sou aquela que vive de resguardo
Resguardo sagrado fardo
Um resguardo seco e pesado
Pesando o teu corpo que ainda espero
Por cima do meu espero

O vazio já barulhou seu nome
Em silêncio o vazio barulhento te aguarda
O vazio guardado aguarda
O vazio ardendo aguarda
Inundado te aguarda